
As dívidas das famílias brasileiras consumiram 28,8% da renda em setembro — o maior valor da série histórica —, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central.
O percentual representa aumento de 0,2 ponto percentual em relação a agosto e 1,6 ponto percentual em 12 meses. 26 de novembro de 2025.
O custo das dívidas tem pressionado os orçamentos domésticos, elevado o uso de modalidades de crédito mais caras e aumentado os níveis de inadimplência entre consumidores.
Por que o custo das dívidas subiu
Alta persistente de juros e maior uso de crédito
- O ajuste para cima da taxa básica de juros (Selic) eleva os custos de financiamento, e os compromissos com dívidas — especialmente rotativo do cartão, cheque especial e empréstimos pessoais — ficaram mais caros.
- Com restrições no orçamento, famílias recorrem com mais frequência a crédito e acabam comprometendo fatia maior da renda.
Endividamento acumulado e débito recorrente
- A relação entre o estoque de dívidas e a renda acumulada nos últimos 12 meses subiu para 49,1% em setembro.
- Isso demonstra que, além de taxas altas, há um volume relevante de obrigações pendentes, o que sobrecarrega o orçamento familiar.
Como isso atinge diretamente as famílias
Orçamento mais apertado e menos espaço para consumo
- Com quase 30% da renda comprometida no pagamento de dívidas, sobra menos para despesas essenciais e emergências.
Gastos discricionários (como lazer, bens duráveis, educação, saúde adicional) tendem a ser reduzidos, o que pode frear o consumo.
Risco crescente de inadimplência
- Especialistas e dados do sistema financeiro apontam aumento da inadimplência, já que muitos lares ficam sem capacidade de honrar compromissos quando juros e parcelas sobem.
- Debêntures de crédito mais caro e falta de folga orçamentária dificultam renegociações.
Menos acesso a crédito saudável
- Com juros altos e risco percebido pelos bancos maior, linhas de crédito com juros mais razoáveis ficam menos acessíveis.
- Famílias tendem a depender de crédito caro — o que perpetua o ciclo de endividamento.
Implicações macroeconômicas e para o mercado
Consumo em risco e impacto no varejo
- A retração no consumo das famílias pode afetar vendas no varejo e vendas de bens duráveis — setores fortemente dependentes de crédito.
- O cenário de alto endividamento reduz a demanda por produtos de maior valor ou parcelados no médio prazo.
Pressão sobre a retomada econômica
- Menos consumo e menos crédito atuam como freio ao crescimento econômico. Empresas que dependem da demanda doméstica ou de crédito ao consumidor podem ser atingidas.
- A persistência de juros altos, sem medidas para aliviar o custo da dívida, pode prolongar esse ciclo de baixa.
Sensibilidade ao cenário de juros e inflação
- Caso a inflação recue e o Banco Central comece a reduzir a Selic, há espaço para aliviar o custo do crédito. Mas o elevado comprometimento de renda pode limitar a velocidade da recuperação do consumo.
- A retomada do crédito “saudável” depende tanto da política monetária quanto da capacidade das famílias de reduzir dívidas e retomar o equilíbrio financeiro.
O que as famílias podem fazer para se proteger
- Evitar o uso contínuo de modalidades muito caras (cartão rotativo, cheque especial), priorizando parcelas menores ou empréstimos com juros mais baixos.
- Rever o orçamento mensal para reduzir despesas não essenciais e destinar mais renda ao pagamento de dívidas.
- Priorizar a renegociação ou quitação de dívidas mais onerosas — embora o custo elevado do crédito dificulte esse processo.
- Se possível, buscar alternativas de crédito mais baratas (as que existirem) ou aguardar cenário mais favorável de juros.
2026 mostra um cenário desafiador
O novo recorde de 28,8% no comprometimento da renda das famílias com dívidas evidencia o peso crescente dos juros altos e do endividamento acumulado sobre o orçamento doméstico.
Esse cenário reduz o poder de consumo, aperta o bolso das famílias e pode retrais a economia como um todo. A recuperação dependerá não só da política de juros do Banco Central, mas também da capacidade das famílias de retomar o controle financeiro.
Para saber mais sobre como evitar problemas em cenários de juros altos, saiba como a Neofin ajuda na luta contra a inadimplência empresarial.





