
O cenário econômico brasileiro enfrenta mais um sinal de alerta. De acordo com um levantamento inédito da Serasa Experian, o Brasil atingiu a marca de 8 milhões de empresas negativadas em 2025.
Esse número representa um recorde histórico e reflete as dificuldades enfrentadas por micro, pequenas e grandes companhias diante da desaceleração econômica, da alta de juros e da queda no consumo. Os dados do estudo apontam julho (último mês com dados divulgados até o momento) como o sétimo mês consecutivo com alta no número de empresas negativadas, um recorde em número e em sequência.
Nas empresas, o caixa deve ser o centro norteador de decisões e análises, então quadros de inadimplência corporativa não apenas comprometem a sobrevivência de muitos negócios, mas também impactam diretamente a geração de empregos, investimentos e a saúde do mercado de crédito.
O que mostra o estudo da Serasa
O relatório divulgado pela Serasa Experian revela que 8 milhões de empresas brasileiras estão com o nome negativado, o que significa que deixaram de honrar compromissos financeiros junto a fornecedores, bancos ou prestadores de serviços.
O estudo aponta que, de julho de 2024 para julho de 2025, as dívidas negativadas subiram em R$50 bilhões e a dívida média passou de cerca de R$21 mil para R$23 mil, dados alarmantes para empresas pequenas e médias.
Esse recorde é resultado de uma série de fatores, incluindo:
- Taxa Selic elevada, que encarece o crédito;
- Aumento da seletividade dos bancos, que reduzem a oferta de empréstimos;
- Queda no consumo das famílias, que reduz a receita das empresas;
- Inflação persistente, que pressiona custos de operação e reduz margens de lucro.
Ainda segundo o levantamento do Serasa, a maioria das empresas inadimplentes pertence ao setor de micro e pequenas empresas (MPEs), responsáveis por mais de 90% dos negócios do país.
Leia mais no blog da Neofin: Inadimplência no Agro disparou em 2025.
Micro e pequenas empresas: as mais afetadas
O impacto é especialmente devastador para os pequenos empreendedores. O relatório aponta que mais de 7,6 milhões de empresas negativadas são micro e pequenas, que representam a base do empreendedorismo brasileiro. Juntas, estas empresas somam R$174,1 bilhões em débitos, o que torna o cenário ainda mais preocupante para possíveis fechamentos e encerramentos de operações.
Esses negócios têm menos acesso a crédito, menor poder de negociação com fornecedores e enfrentam margens de lucro reduzidas. Quando o mercado desacelera, tornam-se as primeiras vítimas da inadimplência.
Para muitas delas, a restrição no crédito significa não conseguir comprar insumos, atrasar salários ou até fechar as portas. Isso reforça um ciclo de fragilidade que pode ter reflexos prolongados na economia.
Segundo o órgão, não existe expectativa de melhora para o segundo semestre, pois as razões para o aumento da inadimplência são externos às empresas.
Setores mais atingidos pela Inadimplência
O relatório da Serasa Experian também mostrou que alguns setores se destacam em número de inadimplências, como o setor de “Serviços”, responsável por mais da metade dos CNPJs inadimplentes. Os segmentos mais inadimplentes são:
- Comércio varejista – (33% do total) impactado pela queda no consumo das famílias;
- Serviços: (50% do total) especialmente restaurantes, salões de beleza e prestadores de serviços gerais;
- Indústria:(8% do total) afetada pela queda da demanda e altos custos de produção.
Em contrapartida, setores mais ligados a exportações tiveram um desempenho ligeiramente melhor, devido ao câmbio favorável e à demanda internacional.
Por que o crédito ficou mais difícil?
A política monetária do Brasil, marcada por juros elevados para conter a inflação, acabou restringindo o acesso ao crédito. Bancos e instituições financeiras, mais cautelosos, adotaram critérios rígidos para concessão de empréstimos.
Esse movimento, embora importante para o controle da inflação, reduz as chances de recuperação das empresas já endividadas. Sem crédito, muitos negócios não conseguem se reerguer, ampliando o quadro de inadimplência.
Quais os efeitos na economia do aumento de empresas inadimplentes?
O recorde de 8 milhões de empresas negativadas pode trazer consequências profundas e mudar a lógica de negócios do país. Os efeitos negativos esperados podem conter:
- Aumento do desemprego: empresas sem acesso a crédito tendem a reduzir quadro de funcionários;
- Redução da arrecadação tributária: menos atividade econômica gera menos impostos;
- Estagnação de investimentos: a insegurança financeira freia planos de expansão;
- Ciclo de retração econômica: inadimplência gera queda na confiança e na atividade produtiva.
Ou seja, o problema vai além das empresas endividadas e afeta todo o ecossistema econômico.
Possíveis caminhos para a recuperação
Especialistas defendem que o enfrentamento desse cenário depende de uma combinação de medidas que visem recuperar o equilíbrio econômico do país, trazer noções de gestão financeira e também aquecer todo o setor de serviços, incentivando o consumo e a utilização de empresas brasileiras no processo (especialmente as pequenas e médias).
Veja algumas ações:
- Política de juros mais equilibrada, que permita acesso a crédito sem comprometer o combate à inflação;
- Incentivos governamentais direcionados a micro e pequenas empresas, como linhas especiais de financiamento;
- Educação financeira corporativa, ajudando empresários a administrar melhor seu fluxo de caixa;
- Renegociação de dívidas, criando programas que possibilitem regularização em condições mais acessíveis.
Além disso, o avanço da digitalização e do acesso a dados pode ajudar instituições financeiras a diferenciar empresas com real capacidade de pagamento daquelas inviáveis, aumentando a seletividade sem excluir bons pagadores.
Como a Cobrança pode ajudar?
Como já mencionamos, a cobrança faz parte de uma gestão financeira inteligente e que visa blindar o caixa das empresas, ajudando na recuperação de valores. Isso pode ser, sim, um fator para evitar a inadimplência por parte de empresas, pois, muitas vezes, a inadimplência está relacionada à própria inadimplência dos clientes finais.
Parece complexo, mas é fácil de entender: se o consumidor não paga pelo serviço adquirido, a empresa não tem como pagar fornecedores, serviços e nem os próprios insumos. Assim, gera-se a necessidade de buscar empréstimos, penhorar bens ou até de encerrar as operações.
Neste sentido, a cobrança, especialmente sistemas de cobrança automatizados, evita que pagamentos se percam pelo caminho, ajudando a empresa a recuperar receitas e poder, enfim, pagar seus próprios custos e gerar receita, melhorando o cenário econômico.
Quer saber mais sobre cobrança? Veja no vídeo a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=pXGJ4CzAHEA
A inadimplência é um risco para o país
O estudo da Serasa Experian evidencia uma situação preocupante: nunca houve tantas empresas negativadas no Brasil. O número recorde de 8 milhões de empresas inadimplentes mostra a urgência de políticas públicas e estratégias privadas para reverter esse quadro.
A recuperação será desafiadora, mas possível. Com ajustes na política monetária, incentivo ao crédito, capacitação dos empreendedores e aposta na modernização dos setores financeiros (incluindo soluções de cobrança automatizada), é viável reduzir o índice de inadimplência e devolver fôlego às empresas brasileiras.
O futuro do país depende, em grande parte, da capacidade de manter suas empresas saudáveis e competitivas. Afinal, são elas que sustentam empregos, inovação e crescimento econômico.